Os meses de janeiro e fevereiro de 2018 foram marcados pela ocorrência de vários eventos de chuva em diversos municípios paraibanos. Os acumulados geralmente estão acima da normal histórica. Essas chuvas foram provocadas por sistemas atmosféricos como a Zona de Convergência Intertropical - ZCIT e o Vórtice Ciclônico de Altos Níveis - VCAN, comuns para a época.
O que difere este período dos iguais períodos nos anos anteriores é o fenômeno La Niña, que consiste na diminuição das temperaturas no Oceano Pacífico, causando chuvas acima da média no Nordeste, e abaixo da média no Sul. Entre 2012 e 2017, ocorreu um fenômeno contrário no pacífico: o El Niño, que aquece as águas oceânicas e diminui drasticamente as chuvas no Nordeste. O El Niño e o La Niña compõem a variação da temperatura do Oceano Pacífico e provoca mudanças no regime pluviométrico em várias regiões do planeta.
Outro fator que contribui de forma importantíssima no regime pluvial nordestino nesse período é a circulação atmosférica em detrimento da temperatura do Oceano Atlântico. Temos como exemplo a ZCIT: para que ela se desloque até latitudes que contemplem a porção continental do Nordeste, é necessário que se tenha condições específicas de temperatura da água e pressão do ar, atributos ainda não estudados profundamente pela Climatologia Geográfica.
Os dados da Agência Executiva de Gestão das Águas do Estado da Paraíba - AESA mostram que os municípios do Sertão registraram os maiores totais pluviométricos entre janeiro e fevereiro de 2018. Abaixo, tem-se os 10 maiores totais:
Fonte: Reprodução AESA.
Além dos municípios sertanejos, destacam-se:
No Litoral: Mataraca (319,2 mm), Rio Tinto (307,0 mm) e Alhandra (262,9 mm);
No Agreste: Lagoa Seca (290,2 mm), Campina Grande (228,9 mm) e Dona Inês (208,7 mm);
No Brejo: Jacaraú (332,4 mm), Serraria (325,2 mm) e Capim (261,1 mm);
No Cariri/Curimataú: Desterro (197,0 mm), Monteiro (158,4 mm) e Congo (157,9 mm);
O mapa desenvolvido pela AESA mostra a regionalização das chuvas, destacando as regiões do Sertão, do Litoral e, também, da escarpa oriental da Borborema.
Fonte: Reprodução AESA.
A previsão para os próximos meses é de continuidade deste panorama de chuvas, que podem durar até os meses de julho e agosto para a porção leste do estado com o início da temporada das Ondas de Leste. No Sertão, o prognóstico é de fortalecimento da ZCIT, provocando mais chuvas e abastecendo os mananciais como o sistema Coremas/Mãe D'Água, que há 7 anos não recebem recarga relevante.
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