Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, a Paraíba é o estado brasileiro que possui o maior número de regiões metropolitanas: são 12 no total: Região Metropolitana de João Pessoa, Região Metropolitana de Campina Grande, Região Metropolitana de Araruna, Região Metropolitana de Barra de Santa Rosa, Região Metropolitana de Cajazeiras, Região Metropolitana de Esperança, Região Metropolitana de Itabaiana, Região Metropolitana de Sousa, Região Metropolitana do Vale do Mamanguape, Região Metropolitana do Vale do Piancó, Região Metropolitana de Guarabira e Região Metropolitana de Patos. Cansou, né?
Confira no mapa a distribuição espacial das regiões metropolitanas da Paraíba.
Dos nossos 223 municípios, 158 se incluem em nesses espaços ditos "metropolitanos", o que representa 70,8% do total. Mas qual seria o motivo desse elevado número de regiões metropolitanas num espaço territorial relativamente pequeno (56 mil km²), com pouco mais de 4,2 milhões de habitantes?
De acordo com a interpretação do IBGE, a região metropolitana é uma área formada por alguns municípios que apresentam uma estrutura ou aglomeração urbana interligada entre si ou em torno de uma cidade principal, geralmente uma metrópole, ou seja, uma cidade média ou grande, que tenha condições de centralizar as atividades regionais. Assim, uma região metropolitana costuma ter um município-sede e as demais localidades sendo suas cidades-satélites ou área metropolitana, formando uma rede urbana, expressão importantíssima nos estudos geográficos.
Até aí tudo bem, tudo compreensível.
A criação de uma região metropolitana tem iniciativa do estado federativo. É aí que surge o problema paraibano. Qual seria, então, a justificativa para a criação de várias regiões metropolitanas dentro de um estado? Se o critério da metrópole fosse observado, apenas João Pessoa e Campina Grande teriam condições de sediarem uma RM, podendo, também, incluir Patos, notadamente a cidade mais centralizadora do Sertão.
Uma RM deve existir para facilitar a tomada de decisões do setor público, gerar uma integração maior entre os municípios, tornar processos mais ágeis e fáceis de se resolver, tudo isso interligado a uma relação estreita entre as cidades, havendo a liderança de uma delas - a maior. Mas no caso da Paraíba, há regiões metropolitanas que são totalmente dependentes de outras, sobretudo de João Pessoa, Campina Grande e Patos. Cidades com menos de 30 mil habitantes são consideradas "metrópoles" de acordo com a metodologia utilizada pelo IBGE, ao serem sedes de uma RM. Além disso, outras cidades que se destacam em nível estadual - como Sapé, Mari, Monteiro, Sumé, São Bento, Catolé do Rocha - estão de fora desse mapa, o que o contradiz substancialmente a realidade apresentada pelo estado.
Não podemos, sem um estudo detalhado, jogar aqui o motivo da existência de tantas RMs na Paraíba. O que a gente pode salientar, por ora, é a deficiência metodológica para a criação delas, necessitando de profissionais qualificados - sobretudo os geógrafos da área urbana - para construir tais projetos, convencendo as autoridades da importância do estudo científico no meio político e na construção de políticas públicas que visem a melhoria da qualidade de vida da população, fenômeno que não ocorre por meio da burocratização do território.
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