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Ingá, Paraíba, terra do algodão: a retomada de um ciclo histórico no Agreste Paraibano

  • Foto do escritor: @geografia_da_paraiba
    @geografia_da_paraiba
  • há 11 minutos
  • 3 min de leitura

Você sabia que Ingá já foi o segundo maior produtor de algodão da Paraíba?


Campo de algodão na zona rural de Ingá. Foto: @carlitos_paraiba
Campo de algodão na zona rural de Ingá. Foto: @carlitos_paraiba

Completando 185 anos neste mês de novembro, o município de Ingá, localizado no Agreste Paraibano, carrega uma das histórias econômicas mais marcantes do estado. Em meio às paisagens do semiárido, a cidade foi protagonista de um ciclo que transformou a economia paraibana: o ciclo do algodão, conhecido como o tempo do ouro branco.


No início do século XX, o algodão cobria os campos rurais de Ingá como uma neblina branca. A fibra era símbolo de riqueza e prosperidade. Com a chegada da Estação Ferroviária, inaugurada em 1907, o município passou a ter uma rota eficiente para o escoamento da produção. Anos depois, a instalação da Anderson Clayton, uma das maiores usinas de beneficiamento de algodão do Nordeste, consolidou Ingá como um dos principais polos algodoeiros da Paraíba.


Durante as décadas de 1940 a 1960, o algodão impulsionou o desenvolvimento econômico local. As pequenas e médias propriedades rurais do município viviam em torno da lavoura e do beneficiamento. De acordo com pesquisas acadêmicas da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), Ingá chegou a ocupar o posto de segundo maior produtor de algodão do estado, posição que refletia a força do trabalho agrícola e o papel estratégico da cidade na economia regional.


Campo de algodão na zona rural de Ingá. Foto: @carlitos_paraiba
Campo de algodão na zona rural de Ingá. Foto: @carlitos_paraiba

Mas o apogeu não durou para sempre. A partir da década de 1980, o município enfrentou uma crise profunda. A praga do bicudo, inseto que devasta as plantações de algodão, chegou ao estado e teve registros iniciais em Ingá. Em poucos anos, a praga destruiu lavouras inteiras, provocando o fechamento de usinas, o êxodo de agricultores e o fim de um ciclo econômico que parecia eterno. O algodão, que um dia foi símbolo de fartura, desapareceu das paisagens rurais.


Décadas depois, porém, o ouro branco voltou a florescer no Agreste. Agora, de forma sustentável. Desde 2021, agricultores familiares de Ingá têm apostado no cultivo de algodão orgânico, livre de agrotóxicos e com práticas agroecológicas que respeitam o solo e o meio ambiente. O movimento tem crescido rapidamente: dados da Secretaria de Agricultura Familiar e Desenvolvimento do Semiárido apontam um aumento de cerca de 400% na produção desde o início do programa.


Em 2023, o município inaugurou uma moderna usina de beneficiamento de algodão orgânico, com capacidade para processar até 4 mil quilos de rama por hora. A estrutura fortaleceu as cadeias produtivas locais e abriu novas possibilidades de geração de renda para centenas de famílias. Além disso, o cultivo do algodão colorido natural, que dispensa tingimentos químicos, tem projetado Ingá em mercados sustentáveis, inclusive com exportações e parcerias com o setor da moda.


Mais do que uma retomada agrícola, o algodão em Ingá representa o renascimento de uma identidade. Cada capulho branco que brota dos campos simboliza resistência, memória e reinvenção. O mesmo município que um dia liderou a produção de algodão tradicional hoje se destaca pela inovação e pelo compromisso ambiental, mostrando que o passado e o futuro podem caminhar lado a lado.


Plumas de algodão da safra 2025 em Ingá. Foto: @carlitos_paraiba
Plumas de algodão da safra 2025 em Ingá. Foto: @carlitos_paraiba

Ingá volta, assim, a ser exemplo na cultura do algodão, desta vez com uma colheita que valoriza o trabalho humano, preserva o meio ambiente e mantém viva a história de um povo que nunca deixou de acreditar na terra.


Referência do conteúdo: A era do ouro branco em Ingá-PB: caminhos da modernidade e declínio da economia algodoeira (1920-1983), de @netolirahistoriador.


Fontes complementares:Governo da Paraíba, UEPB, Jornal A União, UOL, Portal do Agronegócio.


Por: Carlitos Paraíba

 
 
 

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